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Universidade Federal do Ceará
Pós-graduação em Farmacologia

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Inaugurado o Biotério Setorial do Campus do Porangabuçu cujo nome homenageia o Prof. Eduardo Torres

Data da publicação: 7 de outubro de 2019 Categoria: Eventos, Notícias

Os cursos de graduação e pós-graduação do Campus do Porangabuçu da Universidade Federal do Ceará receberam um novo espaço para experimentação animal. Com cerca de 400 metros quadrados, foi inaugurado, na manhã desta segunda-feira (7 de outubro de 2019), o Biotério Setorial Professor Eduardo Augusto Torres da Silva, localizado em prédio anexo ao Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFC.

O novo prédio tem o objetivo de ser um espaço para manejo de roedores destinados a pesquisas e ensino. De acordo com o coordenador do Biotério, Prof. Richard Boarato David, o setor possui aproximadamente 800 animais produzidos localmente ou recebidos de outras unidades de criação animal da Universidade.

“Esses animais servem para execução de aulas práticas e experimentos científicos que são vinculados a projetos de pesquisa”, comenta, lembrando que o Biotério está regularmente cadastrado no Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA) e destacando que a unidade atende diretamente a cinco programas de pós-graduação instalados no campus.

O novo prédio é um espaço para manejo de roedores destinados a pesquisas e ensino (Foto: Viktor Braga)

Presente na cerimônia, a diretora da Faculdade de Medicina da UFC, Profª Valéria Góes, observou que, apesar de a inauguração ocorrer nesta data, a história da unidade não começou hoje. “O Biotério não é uma estrutura nova. Há mais de 40 anos, um grupo de pioneiros idealizou essa estrutura que foi impulsionada em grande parte pelo Departamento de Fisiologia e Farmacologia e pelo Programa de Pós-Graduação em Farmacologia”, lembrou.

CRESCIMENTO – O reitor Cândido Albuquerque considerou “emblemática” a inauguração do Biotério Setorial no mesmo dia em que foi divulgado o Ranking Universitário da Folha (RUF) 2019, no qual a UFC aparece como a 11ª melhor Universidade do País. “Crescemos exatamente onde precisamos crescer. Foi em inovação e internacionalização que o nosso crescimento se mostrou mais importante e mais expressivo”, destacou.

Para ele, a inauguração de mais um biotério mostra que a Universidade está se concentrando na busca pela qualidade. “Estamos sinalizando para toda a comunidade acadêmica que nós estamos focados em pesquisa, inovação, empreendedorismo e internacionalização”, considerou.

HOMENAGENS – O Biotério Setorial é uma homenagem a Eduardo Augusto Torres da Silva, professor do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina falecido em março de 2012. Responsável por apresentar a trajetória do colega de departamento, o Prof. Armênio Aguiar dos Santos ressaltou a dedicação do homenageado à UFC (veja abaixo a apresentação do Prof. Eduardo Torres feita pelo Prof. Armênio Santos).

O biotério tem aproximadamente 800 animais produzidos localmente ou recebidos de outras unidades de criação animal da Universidade (Foto: Viktor Braga)

“O Prof. Eduardo foi pessoa extremamente importante na melhoria do manejo de animais nas experimentações aqui no Campus do Porangabuçu. Por vezes, utilizava o próprio veículo para buscar recursos fora da Universidade para oferecer melhor condição de vida a esses animais”, afirmou. Presente no evento, a família do Prof. Eduardo Augusto recebeu uma réplica da placa de inauguração do Biotério.

Imagem do Prof. Eduardo Torres capturada por detrás da lembrança em acrílico entregue a ele durante homenagem promovida pelos colegas do Departamento de Fisiologia e Farmacologia por ocasião de sua aposentadoria. A foto é de 2010.

Também foram homenageados com placas de agradecimento da Comissão de Gestão do Biotério Setorial: o prefeito do Campus do Porangabuçu, José Herculano Soares Júnior; o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, Prof. Pedro Jorge Caldas Magalhães; a chefe do Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Profª Helena Serra Azul Monteiro; e a diretora da Faculdade de Medicina, Profª Valéria Goés.

Compuseram ainda a mesa da solenidade de inauguração do Biotério Setorial o vice-reitor José Glauco Lobo Filho e a diretora da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE), Profª Lidiany Azevedo Rodrigues.

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional – fone: (85) 3366 7331

Notícia transcrita da página da UFC

 

Elegia ao Prof. Eduardo Torres

Sras e Srs, bom dia!

É com muita honra que saúdo em nome do Departamento de Fisiologia e Farmacologia (DFF) a família do nosso saudoso colega, Prof. Eduardo Augusto Torres da Silva, por ocasião de sua denominação para o novo Biotério Setorial do Campus do Porangabussu da Universidade Federal do Ceará.

Trata-se de justa homenagem da Instituição a que se dedicou a vida inteira. Egresso do curso de Engenharia da UFC, partiu em 1973 para o Rio de Janeiro onde obteve Mestrado pelo Instituto de Biofísica (hoje Carlos Chagas) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com a dissertação “Modelo tetracompartimental da cinética do Iodo: solução matemática e proposição de modelo eletroanalógico” sob a orientação da Profa. Doris Rosenthal.

Após retornar em 1976 ao Ceará, vinculou-se via concurso público ao Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFC como Professor Assistente de Biofísica, vago desde a aposentadoria do antigo catedrático Prof. Codes y Sandoval. Em 1978, compôs junto com a Profa. Glauce Viana, o Prof. Hélio Rola, o Prof. Luiz Capelo, o Prof. Marcus Vale e o Prof. Manassés Fonteles, o núcleo fundador do Mestrado em Farmacologia, primeiro na área da saúde em nosso Estado. Além de atuação notável no suporte eletrônico de equipamentos científicos de diversos laboratórios de pesquisa, foi pioneiro na UFC em estudos de eletrofisiologia. Em 2002 completou a formação com a tese de Doutorado “Estudo comparativo de parâmetros elétricos na absorção de substratos Na+/H+-dependentes em epitélio jejunal e ileal de coelho em câmaras de Üssing”, sob a supervisão do Prof. Manassés Fonteles e a co-orientação do Prof. Aldo Lima.

De espírito agregador, o Prof. Eduardo foi eleito por diversas vezes Chefe do Departamento de Fisiologia e Farmacologia, onde atuou em prol da experimentação animal para elevar o ensino e a pesquisa científica no Porangabussu, outrora restrita aos antigos Institutos Básicos. Instituído na Reforma Universitária de 1968, o DFF logo instalou um biotério, dotado de canil, ranário e grande salão, ventilado naturalmente, para a criação de roedores (ratos, camundongos e cobaias), o qual servia de suporte didático e de investigação biomédica. No intuito de alertar a comunidade acadêmica local para a questão, ergueu em 1982 na entrada de serviço do DFF a estátua de um cão vadio em homenagem aos animais usados na rotina acadêmica. Aliás, tal escultura foi confeccionada com recursos próprios pela genitora dele, D. Angélica Ellery Torres da Silva, artista plástica formada na Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro.

Nesta era, todo o processo de criação, manutenção, utilização e até o descarte dos animais de experimentação eram de responsabilidade exclusiva dos docentes, sem qualquer providência da Administração Superior!1 Entre nós, o Prof. Eduardo foi pioneiro na peleja em implementar mínimas condições sanitárias ao biotério do DFF, que sequer dispunha de funcionário como responsável técnico, seja veterinário ou biólogo, contando apenas com a boa vontade de servidores terceirizados, sob contratos precários. Ante a desídia de muitos colegas de então, o Prof. Eduardo providenciava a compra de ração e maravalha, transportada inclusive na própria Belina II. Sob a insistência dele, os servidores tiveram pela primeira vez acesso a equipamentos de proteção individual, considerados excêntricos à época.

Foi assim, mediante o esforço de gerações de docentes, pós-graduandos, bolsistas de iniciação científica e servidores que foi aperfeiçoada no DFF a prática acadêmica de criação de animais de laboratório. Por certo, eventual avaliação externa poderá ainda recomendar melhores condições operacionais ao novo Biotério Prof. Eduardo Torres bem como no zelo ético ainda mais estrito na manipulação dos animais de experimentação pelas novas gerações de pesquisadores. Mas, tivéssemos a ventura de ainda contar com o Prof. Eduardo, julgo estaria ele a exigir da Administração Superior da UFC a completa institucionalização do novo Biotério Setorial do Campus do Porangabussu.

Oxalá esta reflexão sirva para atentar ser o processo social um rio, ora encachoeirado, às vezes a voltear a ponto de nos dar impressão de retrocesso, tal qual estamos atônitos a viver este momento de distopia. Mas, de fato, o rio sempre busca o desnível e após tantas voltas, flui sempre na direção da foz.

Armenio Aguiar dos Santos

Prof. Titular de Fisiologia Humana

meno@ufc.br

1 Só em 2008 veio a ser promulgada a Lei Arouca (No 11.794), regulamentando o uso de animais em pesquisa e ensino no país, ao criar o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) e nas Instituições a Comissão de Ética no Uso de Animais (Ceua).

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