Universidade Federal do Ceará
Pós-graduação em Farmacologia

A equipe de enfrentamento à COVID-19 do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), que conta com discentes e docentes do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da UFC (PPGF-UFC),  vem atuando em diversas frentes para combater a pandemia. Durante a primeira onda, o NPDM foi certificado pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (LACEN) para realizar o diagnóstico genético da COVID-19 dos pacientes de dois hospitais públicos de Fortaleza, o Instituto Dr. José Frota (IJF) e o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). Foram executados mais de 5 mil diagnósticos por meio da técnica de RT-qPCR. O suporte financeiro e logístico para essa iniciativa foi da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP) por meio de editais submetidos por pesquisadores do NPDM. Ainda em 2020, com o apoio da Central de Genômica e Bioinformática (CeGenBio) do NPDM/UFC, a equipe de pesquisadores iniciou a validação de métodos de sequenciamento de genes específicos e de todo o genoma de exemplares do novo coronavírus (SARS-CoV-2). A técnica empregada para sequenciar genes específicos é denominada de “sequenciamento tipo Sanger”, em homenagem ao cientista que a criou. É uma técnica mais rápida, que permite a caracterização de pequenas regiões do genoma viral. Já o sequenciamento de todo o material genético do novo coronavírus é realizado por técnicas de “alto rendimento” ou “nova geração”, que geram uma grande quantidade de dados e permitem a caracterização completa do genoma do vírus causador da COVID-19. Essas técnicas permitem o monitoramento e descoberta de novas mutações, que podem gerar novas variantes do vírus SARS-CoV-2. Juntando esforços, os pesquisadores do NPDM pertencentes ao departamento de Fisiologia e Farmacologia e pesquisadores do departamento de Bioquímica e da Biologia da UFC conseguiram mostrar que a variante brasileira P.1, surgida em Manaus (AM), circula no Ceará desde janeiro de 2021, enquanto a detecção oficial da cepa no estado se deu entre fevereiro e março. Esse exemplo destaca a necessidade da “vigilância genômica” no estado, nova área de saúde pública que visa caracterizar completamente as cepas circulantes, a fim de detectar e isolar pacientes portadores de novas variantes potencialmente mais agressivas, evitando que se espalhem. A CeGenBio (cegenbio.ufc.br) possui 2 sequenciadores disponíveis para sociedade/estado e bioinformatas que podem auxiliar na vigilância genômica do Estado. Infelizmente, a iniciativa promissora do NPDM/UFC esbarra na falta de financiamento à saúde e à educação. Os pesquisadores ainda estão trabalhando na caracterização proteômica do plasma sanguíneo de pacientes de COVID-19, a fim de encontrar biomarcadores úteis ao entendimento da doença, e na implantação de um laboratório de nível 3 de biossegurança (NB-3), para permitir o estudo experimental de exemplares infectivos (ativos) do novo coronavírus.

O grupo é coordenado pelos professores Dr. Manoel Odorico de Moraes Filho, Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes e Dra. Raquel Carvalho Montenegro, membros do PPGF-UFC, em colaboração com a Profa. Dra. Vânia Maria Maciel Melo e Prof. Dr. Nicholas Costa Barroso Lima. A equipe técnica é formada pelos pesquisadores e professores: Dra. Ana Rosa Quidute, Dra. Mariana Lima Vale, Dr. Carlos R. K. Paier, Dra. Caroline F. Moreira-Nunes, Dra. Mariana B. D. Castelo Branco, Dra. Andréa da Silva Oliveira, Islay L. Magalhães, Laís. L. B. de Oliveira, Luina Benevides, Maisa V. de H. Barros, Roberta T. G. de Oliveira, entre outros alunos do PPGF-UFC.

Imagem: Tomografia crioeletrônica de vírions de SARS-CoV-2.

Fonte da imagem: Turoňová B et al., In situ structural analysis of SARS-CoV-2 spike reveals flexibility mediated by three hinges, Science. 2020 Oct 9;370(6513):203-208. doi: 10.1126/science.abd5223.