Pesquisa clínica com antivirais na terapia da COVID-19 envolve pesquisadores cearenses e paulistas
Data da publicação: 4 de junho de 2020 Categoria: ColaboraçõesPesquisadores do INCT-Instituto de Biomedicina no Semiárido Brasileiro (IBISAB) da FAMED-UFC se juntam a outros investigadores do Hospital São José (Secretaria de Saúde do Estado do Ceará) e das Faculdades de Medicina e de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto-SP para realizar ensaio clínico colaborativo na avaliação da eficácia do fumarato de disoproxil tenofovir sozinho ou combinado com outro antiviral, a emtricitabina, no combate à Covid-19. O teste em pacientes ficará a cargo do pessoal do Ceará e será complementar ao estudo in vitro já realizado em São Paulo, o qual demonstrou eficácia desses fármacos na inibição da multiplicação do coronavírus em células mantidas em condições experimentais. A combinação entre tenofovir e emtricitabina tem afinidade para interagir com o SARS-CoV-2, ao reduzir a infeção in vitro em cultura de células, como também diminuir a carga viral em amostras de nasofaringe de animal experimental.
Tenofovir já é um medicamento usado no tratamento da AIDS, sendo seu uso acessível no Brasil. Emtricitabina em combinação com outros agentes anti-retrovirais também está indicada no tratamento da AIDS em pacientes adultos. Portanto, esses fármacos fazem parte do chamado “coquetel” para combater infecção causada por outro tipo de vírus, o HIV. A novidade é que evidências experimentais apontam que esses fármacos também parecem ser eficazes contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2). Por isso, é chegada a hora de testá-los em pacientes com COVID-19.
Os pesquisadores do INCT-IBISAB atuarão em parceria com os médicos Roberto da Justa, Érico Arruda e Melissa Medeiros do Hospital S. José de Doenças Infecciosas, de referência no atendimento dos casos da COVID-19. Sob a coordenação local do Prof. Aldo Lima, da FAMED-UFC, a equipe de pesquisadores cearenses integra a Rede Vírus, iniciativa apoiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), em Brasília, DF.
O braço paulista da rede é liderado pelo Prof. Eurico de Arruda Neto da Faculdade de Medicina da USP-Ribeirão Preto que, em colaboração com o Prof. Luis Lamberti da Silva, realizou os testes in vitro com os fármacos em SARS-CoV-2 cultivado. Os pesquisadores Norberto Lopes e Giuliano Clososki, do Núcleo de Apoio a Pesquisa em Produtos Naturais e Sintéticos (NPPNS), da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP perceberam o potencial da molécula do tenofovir para o combate ao novo coronavírus.
O ensaio aguarda a aprovação ética e espera-se ser iniciado, em humanos, em algumas semanas. Os pacientes a serem incluídos são, principalmente, aqueles que desenvolvem a doença nas formas leve ou de média gravidade. Além dos critérios clínicos, estão incluídas análises de marcadores moleculares, sob a coordenação do Prof. Alexandre Havt (FAMED-UFC), para tentar entender melhor a patobiologia da COVID-19, etapa a ser realizada com a ajuda de farmacêuticos e bioquímicos do Laboratório Central (LACEN) vinculado à Secretaria de Saúde do Ceará. Os pesquisadores da UFC são vinculados ao INCT-Instituto de Biomedicina no Semiárido Brasileiro e atuam nos Programa de Pós-graduação em Farmacologia, em Ciências Médicas e em Saúde Pública da UFC.